Sonhos nos desvãos, de Ismael Machado

 


Sonhos nos desvãos 


Pipas são esqueletos voando,

libertos, nas amplitudes celestes.

Elas vertem lágrimas 

pelas linhas,

caem feito chuva, 

arrefecem a aridez.

 

Pipas não entendem 

de políticas,

mas visitam os poemas envaretados

e fazem deles os seus partidos.

 

Minha pipa eu a empunho 

com palavras,

eu a vejo subir sonhando, delirando

e nenhum cerol ditatorial 

a poderá cortar.

 

Mágicos braços empunham minha pipa,

com ela possuo o céu em minhas mãos, 

possuo a terra, sem esses humanos desvãos.

 

Ismael Machado


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