"a hora do abandono" poema de Fábio Gondim
a hora do abandono
na hora laranja
prenúncio do breu,
quando o rei vai tristinho
cavando o penhasco no céu,
e os últimos pardais violinos
recolhem arfantes seu pio,
e todo abandono menino
imita em cúmplice afinco
o desarrimo diário do sol,
gisberta é alçada sem asa
em voo avesso pro/fundo.
cansaço do terceiro dia,
pássaro fêmea precipício.
dalva, a estrela ribalta,
mira pasma o raso do poço;
piscam de volta ao alto
dois lumes de rímel surrado.
cerrados descansam enfim,
no útero maldito de deus.
Fábio Gondim
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