Corpo Matogrosso, de Fábio Gondim
corpo matogrosso
alagados meus olhos,
um novo amor
nascente prosa.
passeia em meu cabelo
a música do vento março.
na pele, colorau e mate:
meu corpo orvalho imita
o viço urgente dos camalotes.
cerrados meus olhos,
um velho amor
poente segredo.
rompem em meu ventre
inférteis óvulos pequis.
outubro menstrua blasé:
meu corpo estio imita
a nudez agreste dos pés de ipê.
Fábio Gondim
*Este poema esteve entre os vencedores da 33ª Noite da Poesia, 2021.
**Imagem: Ney Matogrosso (sem data), foto de Marisa Alvarez Lima, Acervo MIS.
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