poema de natal (ou "o segundo parto"), de Fábio Gondim
poema de natal (ou "o segundo parto")
quando cheguei
estava atrás do biombo.
qual lixo que se coloca pra fora,
aquilo que não se deixa à mostra.
era como uma dissidente
rumo ao exílio forçado.
agarrado em seu peito sem vida,
minha febre de desesperança
lutou contra a temperatura mansa
de sua pele desertora.
só percebi a derrota
quando me apartaram
de seu corpo morto,
como num segundo parto.
ah, mãe! trapaceaste.
foste patife indo antes.
nenhuma chance me deste,
que mais maus tratos te desse
e dessa forma acumulasse,
arrependimento e coragem
pra seguir viagem contigo.
Fábio Gondim
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