Tarja Preta entrevista: Joseane Francisco

 


Dando continuidade a nossa semana de entrevistas pré-lançamento Mulherio das Letras MS, nossa segunda convidada é Joseane Francisco, professora de Língua Portuguesa e I.E.L (Iniciação aos Estudos Literários) na Rede Municipal de Educação em Campo Grande, revisora, possui um canal no youtube sobre dicas de português, escritora e mãe. Mora em Campo Grande – MS, cidade onde nasceu, com seus filhos e esposo. Graduada em Letras pela UFMS, possui mestrado em Linguagens e Letramentos pela UEMS. 


1.Conte um pouco sobre você e sua trajetória profissional, professora, revisora e escritora.

Influenciada por uma tia professora, aos 17 anos iniciei minha formação acadêmica na UCDB, cursando Letras, mas, por questões financeiras, tive que trancar o curso. Assim, após passar no vestibular da UFMS, consegui concluir minha graduação. Neste período acadêmico, já escrevia poemas, de forma amadora, aliás, desde minha adolescência. Minha primeira publicação foi na revista “Rabiscos de Primeira”, produzida pelo curso de Letras da UFMS e no Blog “Recanto das Letras”. Durante minha trajetória profissional, aos poucos fui silenciando em mim a escrita literária, em busca de novos projetos. Assim, procurei minha consolidação profissional: tornei-me professora de língua portuguesa concursada do município de Campo Grande desde 2006, fiz especializações, mestrado profissional em Linguagens e Letramentos pela UEMS e em 2020 e cursei duas disciplinas do doutorado em Estudos de Linguagens, como aluna especial. Mesmo durante esse hiato que eu coloquei em minha vida, em relação à escrita de textos literários, fiz da palavra o meu ofício, como professora de língua portuguesa, incentivando a leitura e a escrita entre meus alunos, sempre com um olhar para as escritoras contemporâneas de nosso Estado. 

Atualmente tenho participado de alguns projetos, revisando textos literários como a obra “Entre as rendas dos ossos e outros sonhos desabitados” da autora Tânia Souza, “Notus no corredor dos tornados” de Leonel Ewerest (livro vendido na plataforma Amazon) e do curta de animação “A bruxinha”, inspirado no e-book “Era uma vez” de Tânia Souza. Este ano consegui materializar o sonho de lançar meu primeiro. À convite de minha amiga e incentivadora Tânia Souza, pude participar da Coleção III do Mulherio das Letras. Sinto-me muito feliz e honrada por pertencer a esse universo do Mulherio junto de autoras daqui, como Eva Vilma, Tânia Souza, Diana Pilatti e Adrianna Alberti, dando vozes às mulheres comuns que estavam acolhidas em minhas memórias e hoje pertencem ao livro de contos “Vozes em mim”.


2. Por que escrever? O que torna a literatura importante para você?  

Quando criança, morando no campo, gostava de ficar olhando para o céu estrelado. Sentada em um banco, junto aos meus irmãos, inventava histórias, às vezes eles eram os coautores. Nesse contexto rural, admirava as libélulas fazendo festa nas poças d’água, depois da chuva, os vagalumes, o canto da cigarra e me encantava com o urutau. Acredito que já tinha um olhar para poesia. Na adolescência, quis escrever para me sentir viva, talvez uma maneira de consolidar o meu eu. E na fase adulta? Percebi o quanto é bom ter novamente como companhia a poesia. Após cada texto escrito, mesmo em dias exaustivos e diante dos desafios de ser adulto, sinto que é catártico dar forma aos meus sentimentos.


3. Fale um pouco sobre seus processos de escrita? E quanto a inspiração foge, quais táticas usa para retomar as rotinas de escrita?

Falar de uma rotina de escrita, diante da rotina de uma mulher-mãe e profissional é complicado. Diante de tantas obrigações, costumo me levantar por volta das 4h/5h da manhã para escrever ou em situações em que não posso registrar minhas ideias, durante meus afazeres domésticos, durante meus traslados, fico delineando-as em meus pensamentos, amadurecendo-as até registrá-las no papel ou em arquivos no notebook.


4. Este é seu livro de estreia, conte para nós um pouco desta sensação de segurar seu primeiro livro nas mãos?

É uma sensação ímpar. Este livro tem um valor sentimental muito grande para mim, pois faço um resgate de personagens que foram minhas ancestrais ou pertenceram ao meu imaginário. Essas vozes estavam presas e agora ganharam formas.


5. No livro, “Vozes em mim” há um revezamento entre prosa e poesia. Há um motivo especial para esta escolha? Existe alguém gênero preferido?

Pensei em organizar meus textos de forma que a prosa e a poesia se completasse, como se uma dependesse da outra. Neste sentido, o poetrix passou a ser uma pequena mostra do destino de cada uma dessas mulheres.


6. São muitas as mulheres que surgem na leitura do livro “Vozes em mim”: Michiko, Etelvina, Judite, Dona Maria... O que elas têm em comum?

As lutas. Cada uma dentro de um contexto, foram donas de seu tempo, mas que infelizmente, no fim de suas trajetórias foram lembradas não por seus feitos, mas apenas como mulher-mãe ou até subjugadas.


7. Fale um pouco sobre o Poetrix. Por que a escolha desta forma minimalista em especial?

É genial sintetizar as emoções em três versos. Nessa composição, o título, as rimas, as escolhas vocabulares, tudo contribui para a leveza e encantamento poético.


8. Tem algum texto preferido no seu livro? Qual? E o que o torna tão especial?

Sim. Prefiro falar de textos. Neste caso, menciono os contos Etelvina e Judite II. Ambos tratam da minha essência, pois as personagens são inspiradas em minhas ancestrais (tataravó e bisavó) que muito contribuíram para a constituição de meu ser.





Comentários

  1. Eu tenho uma imersão de encantamentos ao caminhar com essa mulherada ❤️

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  2. Adorei conhecer estar mulheres. 💜

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  3. Força feminina. Tenho orgulho em fazer parte. Excelente matéria.

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  4. Sinto-me amparada por esse mulherio e muito honrada em participar da Coleção III , Mulherio das Letras. Muita emoção💚💚💚

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