Usurpadora 2.0, poema de Fábio Gondim
usurpadora 2.0
vê a moça passando reto pelo labirinto?
vê que nada a impede em seus desvios?
eu sei,
ela me soprou na primeira vez
seu hálito açucarado.
eu,
que nem doce
capaz sou de sentir.
o mal-assombro pesou-me à espinhela.
meus cabelos escorrendo
nos vãos de seus dedos secos,
eram um meu último
carinho úmido
em seu corpo virgem de quimera.
minh'alma
passando em queda pelo quinto andar,
como num drama kitsh caribenho,
vislumbrou o sangue e a poça.
meu deus! era a moça.
sua sordidez e rímel ruim.
a aparar-me em dentes sujos
de sarapatel de gente
e batom bordô rutilante:
a fina flor carnívora
me engolia pela segunda vez.
há gente que dorme
marinando na maldade.
Fábio Gondim
Comentários
Postar um comentário