"Carbono 14" poema de Elias Borges
CARBONO 14
Uma bergamota na cesta de frutas,
única, sozinha,
exala o cheiro de bosque na casa inteira.
Sua cor de sol completa o cenário.
As vidraças retendo o calor,
cristalizando a beleza do ambiente,
fixando a idade dos fósseis
que venho colecionando há tempos
nestas estantes cheias de livros.
Um dia por certo,
todos os personagens fugirão.
Suas idades reveladas pelo isótopo do grafite
que a ninguém perdoa.
Não adianta o botox, o gel, o silicone.
Narciso não mais se contentará
mirando-se no espelho.
Ninguém mentindo com tanto esmero
impedirá o veredito verdadeiro,
esse que contemplará Narciso
se afogando no lago
que por tanto tempo o admirou indeciso,
não sabendo afinal se ele era puro improviso.
Elias Borges
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