"DESCANÇÃO DO EXÍLIO" poema de Raquel Medina
DESCANÇÃO DO EXÍLIO
vi
um corpo
agonizando sob toga
colarinho
boca aberta
voz torta
olho mascarado
ouvido
cego
e passo na órbita da devastação.
vi
um corpo
de gente e passarinho
desesperados
famintos
mãos vazias
pão roubado
esperança asfixiada
e nós
no pulso e mão
vi
um corpo
surrado sussurrando só
socorro
sobre o próprio corpo,
palimpsesto
de dor
e sede
e fome
e alienação
vi
um corpo
parco
preso
poro de sonhos
obstruído
de penumbra
no coração
vi
um corpo,
de justiça parca
era o corpo
do meu país
exilado
no próprio chão.
Raquel Medina
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