“Sigo dia após dia, a reaver minha essência.” prefácio do livro "Incandescente" de Eva Vilma
“Sigo
dia
após dia,
a
reaver minha essência.”
O ser-poeta emerge na
poesia de Eva Vilma na busca constante por si. Ciente que a poesia é a gana que
lhe move e que sem ela jaz um “corpo
vazio”, apresenta-se para nós leitoras e leitores, ora poeta-caçadora, em
busca da palavra ferida a sangrar no emaranhado do poema; ora poeta-arqueóloga,
escavando fundo em busca dos “resquícios
de humanidade / em tempos de mecanização”. Seu ser-poeta se constrói no “livramento / de amarras na escrita” e sentidora por essência, tece seus poemas
fio a fio, um pouco clariciana, mergulhando nos ermos do mundo para se
encontrar, e outro tanto manuelina, abrindo asas largas e voando no verso que a
nós compõe tão feminina.
E ser-mulher na poesia
de Eva, não nos remete ao clichê romântico ou previsível. A mulher-poeta
coleciona “revoltas e memórias”,
segue para o front de seio à mostra: La
Liberté guiando seus “soldados de
sonhos”. Seu corpo jamais sucumbirá à mão do machismo e sua alma nunca será
derrotada pelo patriarcado!
Mas como toda
sobrevivente, leva marcas e algumas feridas ainda não curadas. Então, evoca a
poesia-medicinal dentro do rito poético: “meu
texto é droga que cura” que deve ser colocada sob “a língua da alma” e permite à leitora e ao leitor respirar fundo
deforma que o verso balsâmico lhe penetre fundo corpo e espírito.
Voyer-poeta, Eva nos
confidencia que ver a excita e segue lírica “desnudando
o mundo” reaprendendo a olhar para as coisas e para si mesma, e é justamente
por ter o dom ancestral da visão que não se contenta com migalhas e permite-se as
paixões arrebatadoras ante a brevidade da vida...
*Prefácio do livro Incandescente" de Eva Vilma,
II Coleção de Livros de Bolso do Mulherio das Letras,
Editora Venas Abiertas, 2020.
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